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Estefanie Ribeiro

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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Crianças inquietas e medicação: alívio pra quem?

  • 27 novembro
  • - Por Psicóloga Estefanie Ribeiro

Os avanços da medicina tem trazido muito alívio às dores humanas, sem dúvida alguma. Entretanto, esses confortos que podem ser comprados nas farmácias podem estar mascarando sintomas que tem a função de comunicar algo que merece ser acolhido, olhado com calma, cuidado, ou ao menos levado em conta, antes de ser anestesiado. As medicações têm entrado na vida das pessoas de forma precipitada, fazendo com que o foco seja mais a doença do que a pessoa em si e o seu entorno. A ansiedade, a tristeza, a solidão, entre outros sentimentos, estão sendo, pouco a pouco, enquadrados na categoria de “transtornos” mentais e medicados, problemas da vida têm se tornado “distúrbios” e doenças. 

E a situação não é diferente quando se trata das crianças. Por estarem em processo de desenvolvimento, elas não tem como avaliar e rotular algum comportamento seu como incômodo. E, a partir daí, já se pode fazer a pergunta: quando colocamos que uma criança está tendo um comportamento “inadequado”, seria “inadequado” para quem? Incômodo para quem? A resposta negativa à expectativa de se ter um filho “exemplar”, de se ter crianças “passivas” nas salas de aula, tem levado muitos pais, educadores e, claro, médicos, a optarem pela saída do já famoso diagnóstico do TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Junto com o diagnóstico vem a medicação. Em números, esse “boom” de medicalização é ilustrado pelo aumento de 75% no uso de metilfenidato Iconhecido como Ritalina), em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, entre 2009 e 2011, no Brasil*. Tudo isso com o objetivo de “melhorar” a concentração destas.

A questão que devemos colocar em pauta é: O QUE tem levado essas crianças a estarem tão inquietas? O que a dificuldade em aceitar estudar ou ir para a escola nos revela? Por onde vagam seus pensamentos? Um filho obediente, um aluno quietinho, pode nos livrar de conflitos e dilemas que nem sempre estamos com tempo ou disposição para lidar. Mas, ao medicar uma criança, sem olhar para ela com calma e cuidado, sem permitir que ela ao menos se expresse, pode significar a perda de um dos capítulos mais determinantes de sua vida, e pode estar mascarando algo importante para o qual devemos olhar, como por exemplo a educação que temos dado às nossas crianças na escola e a forma como temos nos relacionado e dedicado nosso tempo a elas em casa. 

De acordo com as autoras Moysés e Collares, no artigo “Controle e medicalização da infância“, os medicamentos utilizados para aumentar a concentração, como a Ritalina, aumentam os níveis de dopamina no cérebro, que é a responsável pela sensação de prazer. Como consequência desse aumento artificial o cérebro fica insensível a situações cotidianas que provocam prazer, como alimentos, emoções, interações sociais, afetos. O que sobra é a prostração, quietude, imobilidade, paralisação, inexpressão, apatia. É isso o que queremos para nossas crianças? Seus comportamentos agitados têm sido incômodos para quem? A medicação traz alívio para quem? Refletir é o primeiro passo para a mudança.


* Boletim de Farmacoepidemiologia do SNGPC, Ano 2, nº 2 | jul./dez. de 2012, p. 4,. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/sngpc/18022013.html>


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