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Estefanie Ribeiro

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terça-feira, 31 de julho de 2018

Psicologia e autoajuda são sinônimos?

  • 31 julho
  • - Por Psicóloga Estefanie Ribeiro
Nos dias atuais, com o advento das redes sociais e a famigerada (e até positiva) busca por autoconhecimento, tem crescido a quantidade de perfis, publicações online, cursos e até os antigos livros sobre autoajuda. Esses conteúdos prometem tudo: mudança total da personalidade, mudança de comportamentos, conseguir atingir objetivos específicos, encontrar o amor ideal, ganhar mais dinheiro e por aí vai. A autoajuda pode ter efeito benéfico sim na vida das pessoas, mas não é sinônimo de Psicologia, que é uma ciência. E muito menos substitui, por exemplo, a psicoterapia, para casos que realmente necessitam desse olhar mais cuidadoso e do suporte aprofundado e próximo de um profissional.

Como a auto-ajuda é uma área que acaba incorporando conhecimentos e práticas da psicologia em seu contexto – para soar mais científica – muitas vezes para quem é leigo acaba ficando difícil fazer uma distinção. A autoajuda pode até se valer de conhecimentos da psicologia, mas usa muitos outros conhecimentos não-científicos na sua construção de conteúdo, como religião, esoterismo, valores morais, vivências próprias, crenças, fórmulas sem comprovação e evidências, etc. 
Um dos pontos críticos das publicações de autoajuda é tornar tudo muito simplista, compartilhando dicas, fórmulas, criando soluções mágicas para conflitos e passando muitas vezes uma mensagem que "só não consegue quem não quer". O efeito disso pode ser bom, como também pode ser extremamente nocivo, ao criar uma culpa por não conseguir ser tão "bom", tão "positivo", tão "autônomo" para resolver suas questões, já que, "se o autor conseguiu dar essa passo tão grande sozinho, eu também preciso ser capaz". 

"Acho que palestras e livros de auto-ajuda são como um copo de leite para quem tem azia ou úlcera, produz um alívio imediato, mas logo, logo, a dor perfurante das tripas volta em dobro. Em dobro porque, agora, mesmo sabendo que sua vida é um queijo, você continua não conseguindo resolver nada. E, pior, por causa da maldita palestrante (ou do rato autor do livro), você agora acha que as coisas são simples, que a vida é simples, que nossos problemas são simples. Pode até ser que a vida seja simples, mas nós não somos!
Primeiro, eles pensam que podemos fazer com nossas vidas o que fazemos com nosso orçamento doméstico. Que tudo se resume a uma questão de débitos e créditos emocionais. Entradas, saídas, home banking do nosso viver. Depois, eles resumem tudo em algum símbolo. Um queijo, uma cadeira, um copo d'água. Um todo imenso se transforma numa pequena metáfora (…)" (Cleido Vasconcelos, Por que os Livros de Auto-ajuda não ajudam!)
Devemos sempre nos questionar se o que está por trás do que o autor escreveu é realmente um desejo em ajudar, tornar a vida das pessoas mais leve, transformada, promover reflexão e autoconhecimento ou simplesmente gerar lucro e autopromoção. Se a resposta for as últimas duas opções (lucro e autopromoção), sugiro tomar cuidado. Ainda que aquele autor, profissional, tenha uma formação no currículo, pensemos: a serviço de que ele está usando seu conhecimento?

Além disso, a autoajuda sempre chega com algo pronto, que é colocado com um passo-a-passo a ser seguido e com objetivos facilmente alcançados quando executados bem. Quem nunca viu um livro com título "5 passos para..." ou "Como fazer tal coisa...", "Como alcançar tal coisa...", "Os segredos de...". As propostas são geralmente milagrosas, como "Trago a pessoa amada em 3 dias" e o mais preocupante é: existe uma fórmula geral e universal? Isso não seria desconsiderar a subjetividade de cada um, a história, os gostos, desejos, valores, que estão sempre presentes por exemplo na realização de um sonho ou objetivo? Será que um livro com frases prontas e que te dá o (e dá pra todo mundo o mesmo) caminho leva em conta quem você realmente é? 

Outro ponto é que, por vivermos em uma sociedade cada vez mais imediatista, que prega soluções rápidas, talvez um livro com 5 passos soe realmente mais atrativo que um processo de engajamento por exemplo em uma psicoterapia. Pode parecer melhor escolher o caminho "mais rápido" (e consequentemente "mais barato" e "menos profundo"), mas nem sempre o caminho mais rápido será o mais eficaz. A autoajuda é um processo de autoconhecimento, mas ele não pode ser considerado um "tratamento".

Isso não quer dizer que não podemos nunca acessar um conteúdo do tipo. Eu mesma já li livros nessa linha, até para saber o que vem sendo publicado e divulgado na área. À medida em que a auto-ajuda é um fenômeno de mercado e de público, creio ser interessante conhecer um pouco da área enquanto psicóloga. Não critico a leitura, nem os benefícios. Se, por exemplo, um livro de auto-ajuda contribuiu ou tem contribuído para a melhoria da vida de algum consulente meu, este progresso deve ser aproveitado, reforçado, e não o contrário. Mas, precisamos ser consumidores cautelosos e questionadores, e não acreditar que autoajuda é a mesma coisa que obter conhecimento científico ou que seja a mesma coisa que ter o suporte de um profissional com formação e ética para te ajudar com as suas questões (que muitas vezes você não vai conseguir enxergar e lidar sozinho). 

Se você que leu até aqui é psicólogo (a) a questão se torna radicalmente diferente. Alunos ou profissionais de Psicologia que adotam manuais de auto-ajuda como guia ou padrão para sua área de atuação merecem sim meu puxão de orelha. Nosso código de ética é bem claro: "São deveres fundamentais do psicólogo: c. Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional;". 

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Psicóloga formada pela UFF, mestranda em Psicologia pela UFRRJ atuando com Psicoterapia para adolescentes e adultos em consultório particular pela abordagem gestáltica. CRP: 05/52172 - Contato: (24) 99909-2528 e contato@estefanieribeiro.com. Me acompanhe no Instagram, basta clicar no símbolo abaixo ⬇

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